26.9.08

Minha Pasárgada

Alguma coisa me chama... eu sei que esse é o meu destino, mas ainda não faço idéia de como serão os meios. É isso que eu quero para mim, é o meu sonho, é o meu objetivo. Cada vez que eu vejo alguém cumprindo o mesmo destino essa força que me chama aumenta. Eu sinto que preciso ir até que surgem os “mas”: mas e a minha família? E os meus amigos? E o meu cachorrinho mais lindo do mundo?? Como eu vou conseguir viver sem eles ao meu lado?? E o meu emprego? Como eu poderia deixá-lo se foi ele que me possibilitou chegar até onde eu já cheguei? Será que é possível ir tão longe? Será que eu tenho capacidade suficiente pra isso?

E ainda assim, maior do que a dúvida é a certeza. A certeza de que é isso que eu tenho que fazer. A certeza de que, não importa qual vôo eu pegue, eu sempre desejo aquele destino... e o meu conflito aumenta. Não sei por onde começar, mas sei onde quero que termine. Quase todos os objetivos que eu tinha nesse país estão atingidos. O último está a dois meses de ser atingido. E depois? E agora...?


    Cai chuva do céu cinzento
    Que não tem razão de ser.
    Até o meu pensamento
    Tem chuva nele a escorrer.

    Tenho uma grande tristeza
    Acrescentada à que sinto.
    Quero dizer-ma mas pesa
    O quanto comigo minto.

    Porque verdadeiramente
    Não sei se estou triste ou não.
    E a chuva cai levemente
    (Porque Verlaine consente)
    Dentro do meu coração.

    Fernando Pessoa, 15-11-1930.

Nenhum comentário: